Salve povo.
Mallow na area, descrevendo sobre uma doença chamada porfiria, muito tensa e cheia de coisas estranhas. Boa Leitura.
Mallow na area, descrevendo sobre uma doença chamada porfiria, muito tensa e cheia de coisas estranhas. Boa Leitura.
Porfiria
Porfiria é um dos grupos de distúrbios herdados ou
adquiridos que envolvem certas enzimas participantes do processo de síntese do
heme. Estes distúrbios se manifestam
através de problemas na pele ou com complicações neurológicas. Existem
diferentes tipos de porfirias, atualmente sendo classificadas de acordo com
suas deficiências enzimáticas específicas no processo de síntese do heme.
O termo porfiria deriva da palavra grega πορφύρα, porphýra,
significando "pigmento roxo". O nome também aparenta ser uma
referência à coloração arroxeada dos fluidos corporais dos pacientes durante um
ataque.
Embora as primeiras descrições da porfiria tenham sido
atribuídas a Hipócrates, a doença foi explicada bioquimicamente por Felix
Hoppe-Seyler em 1874, e as porfirias agudas foram descritas pelo médico
holandês B.J. Stokvis em 1889.
A Relação da Doença com a Lenda do Vampirismo.
Em 1985 o bioquímico David Dolphin propôs uma ligação entre
a porfiria e o folclore vampírico. Reparando
que essa condição é tratada com
hemo intravenoso, Dolphin sugeriu que o consumo de grandes quantidades de
sangue poderia resultar de alguma maneira no transporte do hemo através da
parede do estômago e para a corrente sanguínea. Desta maneira, os vampiros eram
meros indivíduos sofredores de porfiria que procuravam substituir o hemo e
aliviar os sintomas Esta teoria tem sido desmontada pelo meio médico, uma vez
que as sugestões sobre os afectados por porfiria desejarem a ingestão do hemo
no sangue humano, ou que o consumo de sangue possa atenuar os sintomas da
doença, são baseados numa compreensão errada da doença. Adicionalmente,
constatou-se que Dolphin confundira os vampiros fictícios (sugadores de sangue)
com os do folclore, muitos dos quais não eram conhecidos por beberem sangue. Do
mesmo modo, foi estabelecido um paralelo com a sensibilidade à luz do Sol por
parte dos afetados por porfiria, quando esta condição está associada aos
vampiros fictícios, e não aos da tradição popular. Em todo o caso, Dolphin não
chegou a dar mais divulgação aos seus trabalhos. Embora tenha sido posto de
parte pelos peritos, a ligação entre vampirismo e porfiria conseguiu a atenção da
média, e entrou ela própria no folclore da moderna cultura pop.
Sinais e sintomas
Porfiria aguda
As porfirias hepáticas com manifestações agudas afetam
primariamente o sistema nervoso central, resultando
em dor abdominal, vômitos,
neuropatia aguda, convulsões e distúrbios mentais, incluindo alucinações,
depressão, paranoia e ansiedade. Se houver acometimento do sistema nervoso
autônomo, podem ocorrer constipação, elevação ou queda da pressão arterial,
taquicardia e outras arritmias cardíacas. Em casos mais graves, pode ocorrer
distúrbio eletrolítico com hiponatremia, paralisia do bulbo cerebral com parada
respiratória e distúrbio psiquiátrico culminando em suicídio. A fisiopatogenia
provavelmente é por efeito tóxico dos precursores de porfirina, o ácido
δ-aminolevulínico (ALA) e porfobilinogênio (PBG).
Os ataques da doença podem ser desencadeados por drogas
(como barbitúricos, álcool, drogas, sulfa, contraceptivo oral, sedativos e
certos antibióticos), outros agentes químicos e certos alimentos. O jejum
também pode desencadear os ataques, pela queda na glicemia.
Os pacientes com porfirias hepáticas (PCT, AIP, HCP, VP)
estão em risco aumentado de terem carcinoma hepatocelular (câncer de fígado) e
podem precisar de monitoramento. Outros fatores de risco típicos para o câncer
de fígado não precisam estar presentes, como a hepatite B ou C, excesso de
ferro ou cirrose de qualquer etiologia.
Devido aos diversos tipos e a ocorrência relativamente
incomum de porfiria, geralmente a porfiria não é a primeira suspeita
diagnóstica, o paciente pode inicialmente ser suspeito de ter outra doença não
relacionada. Por exemplo, a polineuropatia da porfiria aguda pode ser
confundida com a síndrome de Guillain-Barré, e os exames de porfiria são
geralmente recomendados nestes casos. O lúpus eritematoso também apresenta
fotossensibilidade e ataques de dor, além de compartilhar diversos outros
sintomas com a porfiria. Entre os pacientes com diagnósticos de distúrbios
psiquiátricos, a incidência de exames positivos para porfiria aguda
intermitente chega a ser de 1 para cada 500 casos , muito acima da média, o que
sugere que muitos "pacientes psiquiátricos" são na realidade
portadores de porfiria não tratada.
Porfiria cutânea
As porfirias eritropoiéticas afetam primariamente a pele,
levando a fotossensibilidade, bolhas, necrose da
pele e gengivas, prurido,
edema e aumento da pilificação (crescimento de pêlos) em áreas como a fronte.
Em algumas formas de porfiria, o acúmulo de precursores do
heme excretados pela urina podem mudar sua cor, após exposição ao sol, para um
vermelho ou marrom escuros, ocasionalmente até um tom de púrpura. Também pode
haver acúmulo dos precursores nos dentes e unhas, levando-os a adquirir uma
coloração avermelhada.
As porfirias eritropoiéticas afetam primariamente a pele,
levando a fotossensibilidade, bolhas, necrose da pele e gengivas, prurido,
edema e aumento da pilificação (crescimento de pêlos) em áreas como a fronte.
Em algumas formas de porfiria, o acúmulo de precursores do
heme excretados pela urina podem mudar sua cor, após exposição ao sol, para um
vermelho ou marrom escuros, ocasionalmente até um tom de púrpura. Também pode
haver acúmulo dos precursores nos dentes e unhas, levando-os a adquirir uma
coloração avermelhada.
A porfiria é diagnosticada através de espectroscopia
(porfirinas têm um espectro característico de absorção) e exames bioquímicos no
sangue, urina e fezes. De modo geral, a dosagem de porfobilinogênio (PBG) na
urina é o primeiro passo na suspeita de porfiria aguda. Como resultado do
feedback, a produção reduzida de heme leva a um aumento na concentração de
precursores, sendo que o PBG é um dos primeiros na cadeia sintética da
porfirina. Dessa maneira, sua concentração urinária está elevada em
praticamente todos os casos de porfiria aguda, exceto na rara deficiência de
ALA dehidratase e em pacientes com saturnismo (intoxicação por chumbo) ou
tirosinemia hereditária tipo I.
Para detectar a porfiria, podem ser necessários repetidos
exames durante um ataque e seus ataques subsequentes, já que os níveis podem
estar normais ou próximos ao normal entre os ataques.
Como a maioria das porfirias são doenças raras, os
laboratórios hospitalares em geral não possuem especialização, tecnologia ou
tempo para seus funcionários realizarem o exame de porfiria. Em geral, os
exames envolvem o envio de amostras de sangue, fezes e urina para um
laboratório de referência. As amostras colhidas para detectar a porfiria devem
ser manuseadas com cuidado, sendo protegidas da luz e refrigeradas. As amostras
devem colhidas durante uma crise, caso contrário um resultado falso negativo
pode ocorrer.
Exames adicionais
Podem ser solicitados alguns exames para diagnóstico dos
órgãos afetados, como os estudos da condução nervosa para neuropatias ou um ultrassonografia
para o fígado. Exames bioquímicos básicos podem ajudar a identificar a doença no
fígado, carcinoma hepatocelular e outros problemas nos órgãos.
Patogênese e classificação
Patogênese
Síntese do heme - observe que algumas reações
ocorrem no citoplasma (citosol) e outras na mitocôndria (amarela)
Nos humanos, as porfirinas são os principais precursores do
heme, um componente essencial da hemoglobina (proteína presente nas células do
sangue e que distribui o oxigênio para as partes do corpo), mioglobina
(proteína que carrega oxigênio nos músculos) e citocromos (proteínas que fazem
transporte de elétrons).
A síntese do heme se dá em dois locais distintos da célula e
envolve oito enzimas. Ela começa na mitocôndria (com a primeira enzima
atuando), prossegue no citoplasma (com quatro enzimas atuando), e volta para a
mitocôndria, onde é encerrada (com as três ultimas enzimas atuando).
As porfirias são causadas por deficiências funcionais ou
quantitativas de qualquer uma das enzimas que participam do processo de síntese
do heme. A síntese do heme prejudicada causa o acúmulo de um de seus
precursores, as porfirinas, que são tóxicas em altas concentrações nos tecidos.
A produção diminuída de heme não é um grande problema, pois mesmo uma atividade
enzimática pequena pode levar à produção de heme suficiente.
Características bioquímicas desses intermediários e o local
de sua produção, determinarão em que tecido serão acumulados, se são
fotossensíveis e como serão excretados (na urina ou nas fezes).
Classicamente as porfirias eram classificadas de dois modos.
Uma classificação era de acordo com o local de acúmulo dos
precursores do heme, ou seja, no fígado (porfirias hepáticas) ou no sangue
(porfirias eritropoiéticas):
- Porfirias
hepáticas: caracterizadas por ataques neurológicos agudos (convulsões, psicose,
dor extrema nas costas e abdômen e polineuropatia aguda)
- Porfirias
eritropoiéticas: apresentam problemas de pele, geralmente erupções de bolhas
sensíveis à luz solar e crescimento aumentado de pelos.
Também eram classificadas de acordo com os principais sinais
e sintomas:
- Porfirias agudas:
causam sintomas neurológicos.
- Porfirias cutâneas:
causam fotossensibilidade cutânea.
Estas antigas classificações de porfirias já foram bem
estudadas e caracterizadas, o que as tornou obsoletas, apesar de úteis.
Atualmente as porfirias são classificadas mais precisamente de acordo com suas
deficiências enzimáticas específicas:
As três porfirias mais frequentes são a porfiria cutânea
tarda, a porfiria aguda intermitente e a protoporfiria eritropoiética.
A porfiria variegata (ou porfiria mista), que ocorre devido
a uma deficiência parcial na enzima PROTO oxidase, manifesta-se através de
lesões de pele semelhantes às da porfiria cutânea tarda combinadas com ataques
neurológicos agudos. Os sintomas podem surgir na segunda década de vida. Há
descrição de um grupo de portadores na África do Sul descendentes de uma única
pessoa portadora da mutação: Berrit Janisz, um holandês que emigrou para lá no
século XVII.
Tratamento
Porfiria aguda
Uma dieta rica em carboidratos é geralmente recomendada; em
ataques severos, infusão de solução hipertônica de glicose (até de 50%) é
iniciada, o que pode interromper a crise ou auxiliar na recuperação.
Hematina e arginato de heme são as drogas escolhidas para
porfíria aguda, nos Estados Unidos e no Reino Unido respectivamente. Estas
drogas devem ser aplicadas bem no começo de um ataque, com eficácia dependendo
do indivíduo e da demora em iniciar o tratamento. Não são drogas curativas mas
podem reduzir o tempo e a intensidade dos ataques. Efeitos colaterais são raros
mas podem ser sérios. Essas substâncias do tipo heme teoricamente inibem a
enzima ALA sintetase por retroalimentação negativa, reduzindo portanto o
acúmulo de precursores tóxicos. No Reino Unido, suprimentos dessa droga são
mantidos em dois centros nacionais. Nos Estados Unidos, uma companhia fabrica
Panematin para infusão. A Fundação Americana de Porfiria tem informações sobre
como encontrar a droga mais rapidamente.
Fatores precipitantes
Se o ataque foi causado por drogas ou hormônios, a
descontinuação do uso destas substâncias é essencial. A infecção é uma das
causas mais comuns de ataques e requer tratamento vigoroso.
Controle dos sintomas
A dor é extremamente severa, frequentemente fora de
proporção aos sinais físicos, e quase sempre requer o uso de opiáceos para
reduzi-la a níveis toleráveis. A dor deve ser tratada tão cedo quanto
medicamente possível devido à sua severidade. As náuseas podem ser severas;
elas podem responder a medicamentos fenotiazínicos , mas às vezes não são
tratáveis. Banho/imersão em água quente podem diminuir as náuseas
temporariamente, embora dever ser tomados cuidados para evitar queimaduras e
quedas.
Identificação precoce
Pacientes com histórico de porfiria aguda são recomendados a
usar um bracelete de alerta ou outra identificação o tempo inteiro para o caso
de desenvolverem sintomas: já que talvez eles não possam explicar aos
profissionais da saúde sobre sua condição e o fato de que algumas drogas são
absolutamente contra-indicadas.
Aspectos neurológicos e psiquiátricos
Pacientes que sofrem ataques freqüentes podem desenvolver
dores neuropáticas crônicas nas extremidades bem como dor crônica no sistema
digestivo. Provavelmente devido à deteriorização do nervo axonal nas áreas
afetadas do sistema nervoso. Nesses casos, tratamento com opióides de longa
duração podem ser indicados. Alguns casos de dor crônica podem ser difíceis de
administrar e podem requerer tratamento usando modalidades múltiplas. Depressão
geralmente acompanha a doença e é melhor lidar tratando os sintomas e se
necessário com o uso prudente de anti-depressivos.
Convulsões
Convulsões geralmente acompanham essa doença. A maioria dos
remédios contra convulsão potencializa a condição. O tratamento pode ser
problemático: barbitúricos devem ser evitados. Algumas benzodiazepinas são
seguras, e, quando usadas em conjunto com recentes medicamentos anti-convulsão
como gabapetina oferece um possível regime para o controle de convulsões.
Doença do fígado não diagnosticada
Algumas doenças hepáticas podem causar porfiria mesmo na
ausência de predisposição genética. Entre elas está a hemocromatose e hepatite
C.
Tratamento hormonal
As flutuações hormonais que contribuem para os ataques
cíclicos em mulheres têm sido tratadas com contraceptivos orais e hormônio
luteinizante que "desligam" os ciclos menstruais. Entretanto, os
contraceptivos orais também desencadearam fotossensibilidade e a abstenção dos
contraceptivos orais desencadearam ataques.
Porfirias eritropoiéticas
As erupções de pele que ocorrem nas porfirias
eritropoiéticas geralmente requerem o uso de filtro solar e evitar a luz solar.
Pode-se utilizar cloroquina para aumentar a secreção de porfirina em alguns
casos de porfirias eritropoiéticas. A transfusão de sangue é ocasionalmente
usada para suprimir a produção de heme pelo indivíduo.
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