quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

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Lendas: O negrinho do pastoreio

Olá meus diabinhos, como estão? Bem, eu espero. Aqui é a Cora.
Então, eu escolhi uma lenda que é muito, mas muito importante para mim. Ela compôs minha infância, e foi uma das primeiras histórias que eu li e ouvi.

O Negrinho do Pastoreio é uma lenda que faz parte do folclore brasileiro e que surgiu no Rio Grande do Sul. Ela tem origem africana, e surgiu no século XIX, em um tempo em que ainda havia escravidão no Brasil. Esta lenda retrata muito bem a violência e injustiça impostas aos escravos, e é um exemplo de fé. Eu conheci ela ainda muito jovem, graças a minha mãe que me contava histórias de vez em quando, e só depois de implorar muito.

A lenda:

Conta a lenda que nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Em um dia de inverno, fazia muito frio e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros que acabara de comprar. No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. Disse o estancieiro: "Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece". Aflito, o menino foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou o cavalo pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu de novo.

De volta à estância, o estancieiro, ainda mais irritado, bateu novamente no menino e o amarrou nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha. A partir disso, entre os andarilhos, tropeiros, mascates e carreteiros da região, todos davam a notícia, de ter visto passar, como levada em pastoreio, uma tropilha de tordilhos, tocada por um Negrinho, montado em um cavalo baio. Desde então, quando qualquer cristão perdia uma coisa, fosse qualquer coisa, pela noite o Negrinho procurava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o livrou do cativeiro e deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.

Quem perder coisas no campo, deve acender uma vela junto de algum mourão ou sob os ramos das árvores, para o Negrinho do pastoreio e vá lhe dizendo: "Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...". Se ele não achar, ninguém mais acha.

Não sou católica, e nem acredito em Santos, mas essa lenda em particular me marcou muito. Passei muito tempo pensando e pensando nela. Foi, principalmente, por causa dessa história que eu comecei a me interessar pela leitura, e até os 8 anos eu acreditava que ela não era uma lenda folclórica, e sim uma história real. Além de que, ela faz parte da cultura da minha região, o sul do Brasil, que tem muito a oferecer e poucos que o conhecem. 

Mais uma coisa, dizem que o menino foi transformado em anjo. 

É isso, beijo e até a próxima. ^^
Nyah
Cora

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